OS HÁBITOS DOS HODLERS DE SUCESSO
Como você pode maximizar sua pilha de bitcoins e os benefícios que você ganha com isso, enquanto pratica HODL?
Esta é a tradução do texto “THE HABITS OF HIGHLY EFFECTIVE HODLERS”, do Tyler Parks, publicado originalmente no dia 16 de janeiro de 2022 pela Bitcoin Magazine.
Tradução por Leta.
Com a palavra, o autor:
Como o título sugere, vou falar sobre o que acredito ser um bom bitcoinheiro com a esperança de convencê-lo de que ser um HODLer é realmente um trabalho importante que envolve certas responsabilidades.
O esboço mais ou menos será:
- Os pré-requisitos filosóficos da mentalidade do HODLer
- Impedimentos à adoção de um padrão de bitcoin pessoal
- Dicas práticas
Vamos lá.
Temos um papel importante como bitcoinheiros de sempre estar convertendo os normies, mas devemos fazê-lo de maneira construtiva, e isso significa ser sensível à realidade de que nem todos estão prontos para ouvir o que temos a dizer.
Reconhecemos que se tornar um bitcoinheiro geralmente resulta de um conjunto de fundamentos filosóficos. Alguém que não tenha um ou mais desses pré-requisitos provavelmente enfrentará obstáculos ao longo de sua jornada que dificultam a adoção. O fato de que ainda nem todos estão a bordo do bitcoin é uma prova dessa dificuldade.
Existem outros impedimentos à adoção além de um mero entendimento conceitual que geralmente pode ser atribuído a conflitos de interesse. Acreditamos que com o tempo estes também darão lugar a um sistema financeiro mais livre e aberto, baseado na cooperação voluntária. É nosso trabalho trazer o bitcoin para o mundo com o menor número de baixas ao longo do caminho e lembrar as pessoas de que o bitcoin está disponível para todos igualmente.
Estudando bitcoin, me perguntei por que algumas pessoas não ficam profundamente impressionadas com ele, ou pior, sentem uma aversão a ele à primeira vista. Existem os pontos de discussão usuais (os FUDs) que podem assustar alguém que não possui melhores informações, mas esses FUDs não parecem ter um efeito real nos HODLers. Logo ficou claro que é quase impossível ter uma apreciação pelo bitcoin se você ainda não vê as deficiências do sistema financeiro existente.
São as qualidades distintas dos HODLers de bitcoin que os levaram a quebrar a fidelidade ao antigo sistema e os levaram a exigir um novo. Curiosamente, investidores de ouro (goldbugs) nos avisaram que a perda de dinheiro sólido acabaria em catástrofe. Em certo sentido, devemos isso a eles por soar o alarme. No entanto, a narrativa do dinheiro forte teve que evoluir além dos metais preciosos para refletir um mundo conectado digitalmente.
Os goldbugs, os economistas austríacos e outros defensores do dinheiro forte se acostumaram a ser discretamente arrastados para o canto do discurso público por causa de sua tendência a criticar a economia dominante. Para pessoas comuns, o caminho de menor resistência é adotar o sistema fiduciário, pois temos certeza de que o sistema está em boas mãos. No entanto, aqueles que buscam autonomia financeira, que desejam integridade lógica e que valorizam a economia podem achar intoleráveis as escolhas feitas pelo mundo fiduciário.
Vamos nos aprofundar mais um pouco para ver o que diferencia um verdadeiro bitcoinheiro do resto do pacote. Como eu mencionei, os bitcoinheiros nem sempre, mas geralmente tendem a ser libertários, até mesmo anarquistas em alguns casos. Há uma tensão entre os conceitos de liberdade pessoal e permissão concedida pelo Estado. Os bitcoinheiros tendem a ser céticos em relação à propaganda e à mídia corporativa que aponta para uma divisão fundamental de onde derivamos pessoalmente nossos direitos humanos.
Somos dotados de direitos humanos inalienáveis, ou temos direitos garantidos pelo Estado, desde que estejamos em boas condições com as várias agências, filiais e departamentos?
O ceticismo, quando exercido adequadamente, não é apontado para a mídia apenas por despeito ou por diversão. Pelo contrário, é uma ferramenta de raciocínio que se aplica a todas as áreas da vida. É simplesmente o modus operandi padrão. ao encontrar novas informações. Uma pessoa racional aplica um grau saudável de ceticismo, seja lidando com ciência, negócios ou política. Na mesma linha é uma necessidade de consistência lógica. Bitcoinheiros exigem honestidade intelectual e responsabilidade tanto de nossos pares quanto de nossos críticos.
O Bitcoin tende a ser popular entre os tinkerers (pessoas que gosta de mexer e consertar coisas manualmente), early adopters e gamers. Bitcoinheiros estão sempre tentando pensar dois passos à frente, eles são bons em ler nas entrelinhas e analisar as consequências de segunda e terceira ordem.
Finalmente, para ser um bom HODLer, geralmente é preciso ter propensão a economizar dinheiro. Isso pode ser óbvio, mas não pode ser enfatizado o bastante. Em um mundo inteiramente baseado no crédito, o bitcoin desafia os conselhos convencionais sobre dívidas e empréstimos.
Há um denominador comum que une muitas dessas características, que é o que os bitcoinheiros chamam de baixa preferência de tempo (o pensamento de longo prazo). Simplificando, significa que eles dão pouco valor à gratificação de curto prazo, optando por trabalhar em direção a metas de longo prazo. Para ser justo, todo mundo tem que colocar comida na mesa, então não podemos fingir que é realista adiar a gratificação para sempre, mas o que podemos fazer é tomar decisões sobre o que nos satisfará hoje e o que vale a pena esperar. O Bitcoin leva a economia a um nível totalmente novo. De repente, percebemos que nossas decisões cotidianas de gastar e consumir têm muito peso quando julgadas em relação ao custo de oportunidade de possuir bitcoin. É comum que os bitcoinheiros sofram mudanças comportamentais profundas no interesse de economizar. Pode parecer que um excesso de poupança levaria a problemas quando se trata de estimular a economia e a velocidade do dinheiro, mas o debate inflação/deflação e o mandato de crescimento perpétuo são assuntos que ainda precisam ser totalmente discutidos.
Por essas razões, o bitcoin tende a ressoar fortemente com pessoas motivadas por coisas como matemática, economia e teoria dos jogos. Mas nem todo mundo foi programado dessa maneira; na verdade, a maioria das pessoas não são. As pessoas são motivadas por todo tipo de coisa, entre as quais comida, abrigo e amor. Bitcoinheiros não teriam o luxo de opinar sobre soberania monetária se suas necessidades básicas não fossem atendidas, o que infelizmente não é a realidade de grandes grupos de pessoas no mundo.
Mas supondo que alguém tenha a mente aberta para começar a entender o bitcoin, isso ainda não é garantia de que eles verão algum valor nele se eles não se aprofundarem. A mera falta de educação é facilmente corrigida, mas dizem que é difícil para um homem aprender algo se seu trabalho depende justamente de ele não conseguir.
É difícil ver os benefícios do bitcoin se você ainda não vê os problemas com a moeda controlada centralmente. Não surpreendentemente, as pessoas tendem a se sentir mais seguras sabendo que seus dólares estão no banco e segurados pela Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC, o fundo garantidor do mercado americano). O interessante é que os HODLers de bitcoin sentem exatamente o oposto — eles veem o uso de custodiantes como mais arriscado do que fazer a sua própria custódia, e é isso que torna esse tópico tão fascinante. Claro que ainda haverá terceiros de confiança daqui para frente, mas a escolha de fazer sua própria custódia não era uma escolha que tínhamos antes do bitcoin.
A dura verdade é que as pessoas que são mais privilegiadas pelo sistema financeiro são as mais difíceis de converter porque, sem dúvida, têm mais a perder ao abandonar o barco. A persistência da máquina fiduciária depende muito dos cantillonários, que é incentivada a trazer cada vez mais lacaios sob sua alçada. E qual é a ferramenta de persuasão mais poderosa do que a própria impressora de dinheiro?
É por isso que vemos a maior reação de banqueiros e gestores de dinheiro ricos, como Jamie Dimon e Ray Dalio. Não surpreendentemente, a retórica mais temerosa vem dos escalões superiores dos bancos centrais. Os bancos centrais são entidades supranacionais que sutilmente se extraíram de quase toda supervisão e, portanto, devem expressar desgosto por qualquer coisa em que não tenham participação. Eles então defendem sua posição como árbitros autonomeados da estabilidade financeira. Os sentimentos dos banqueiros centrais em relação ao bitcoin é bastante revelador sobre onde realmente está seu interesse. Felizmente, o bitcoin não precisa da aprovação deles; seus concorrentes em economias em ascensão adotarão um padrão de bitcoin, gradualmente e, depois de repente, desencadeando um FOMO (Fear Of Missin Out) global. Um por um, eles vêm para a luz, ou seguem o caminho dos dinossauros. No bitcoin, dizemos que todos recebem o preço que merecem.
Consigo entender os conflitos de interesse no sentido comercial. Quando você tem um trabalho a fazer, o que você diz no trabalho não reflete necessariamente suas opiniões pessoais. OK. Mas tenho menos simpatia por pessoas que recorrem a atacar o bitcoin porque acreditam que é tarde demais para investir (economizar) e pensam que se eles não podem ser o chefe, então o bitcoin não deveria existir. Esta é claramente uma questão do ego humano. Na verdade, é preciso aprender a subjugar o ego para apreciar o que o bitcoin tem a oferecer — que é ao mesmo tempo liberdade e solidariedade.
Em vez disso, acabamos em uma situação de niilismo fiduciário, onde todos querem entrar no começo do próximo bitcoin. A ironia é que os altcoiners parecem viver em um mundo onde o bitcoin pode ser dado como certo. Os bitcoinheiros, por outro lado, não têm esse pretexto. Eles são os que estão na linha de frente, garantindo que tenhamos sucesso em tornar esse mundo uma realidade. Altcoiners estão apenas conseguindo trazer a ascensão do fiat 2.0, que é um anátema para o ethos do bitcoin. Desconfie de qualquer um que afirme apoiar bitcoin e, ao mesmo tempo, tente lançar você em seu novo token. É fácil dizer se um bitcoinheiro tem intenções puras porque eles são os únicos sem segundas intenções.
Os críticos apontam para o otimismo inflexível dos bitcoiners e o atribuem à arrogância. Isso então se torna um bloqueio na mente deles e eles assumem que se você evangelizar pelo bitcoin, isso significa que você está apenas tentando fazer o preço do bitcoin subir. Embora isso seja superficialmente verdade, uma observação mais precisa é que os bitcoinheiros realmente praticam o que pregam. Bitcoinheiros colocam seu dinheiro no que acreditam.
Pode parecer tóxico ouvir os bitcoinheiros dizer coisas como “não há alternativa” para o bitcoin, mas no final do dia a toxicidade está nos olhos de quem vê. Se sua opinião sobre bitcoin é que é tóxico, então eu questionaria de onde você escolhe receber suas notícias. Dizemos que “o bitcoin conserta tudo”, não apenas para ser atrevido, mas para apontar que o dinheiro fiat consegue arruinar tudo de muitas maneiras diferentes. O bitcoin é a ferramenta que, pela primeira vez, corrige as falhas fatais no dinheiro causadas pelo planejamento central. Bitcoin é informação, e a informação procura ser gratuita. A internet chegou a um beco sem saída sob ditadores da informação e jardins murados, e o bitcoin corrói essas paredes, permitindo a participação simplesmente conectando-se à rede globalmente interoperável.
Se você realmente descer pela toca do coelho do bitcoin, descobrirá que a única conclusão lógica é ir até o fim. Em outras palavras, você vai com tudo — se não financeiramente, pelo menos filosoficamente. Você provavelmente não encontrará alguém que afirme ser um moderado quando o assunto é o bitcoin. Você começa a ver que o bitcoin pode ser a única saída para o buraco que cavamos e nossa melhor chance de viver em uma sociedade livre.
Acredito que nosso trabalho daqui para frente é viver de acordo com o sonho dos cypherpunks originais, criando o seguinte hábito:
- Defenda a liberdade de expressão especialmente onde ela tem a capacidade de enriquecer o cenário social e intelectual.
- Forje um caminho para a privacidade, contornando, se necessário, qualquer coisa que comprometa o direito à privacidade ao impor regulamentação onerosa.
- Exigir honestidade e responsabilidade de nossos pares. Não descanse sobre os louros. Preste atenção à meritocracia. Ninguém merece estar em um pedestal por causa de seu status.
- Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda. Pense adversário. O que não te mata te fortalece.
Ao longo da história do bitcoin, qualquer pessoa que estivesse firmemente na toca do coelho teria parecido radical aos olhos dos nocoiners; basta olhar para Max Keiser. No entanto, está claro que o bitcoin passou de um ponto de inflexão à medida que seu efeito de rede toma conta e se alimenta de si mesmo. O que começou como um pequeno grupo de criptoanarquistas de chapéu de alumínio cresceu para incluir pessoas de todas as esferas da vida que compartilham os valores do dinheiro vivo, já que o bitcoin não discrimina entre seus usuários. É lindo ver as pessoas que foram mais marginalizadas pelo imperialismo fiduciário terem mais convicção porque veem os benefícios do dinheiro sólido em suas próprias vidas.
O objetivo final, é claro, é um ativo de reserva reconhecido mundialmente, mas também garantir que cheguemos lá com o mínimo de danos colaterais. Isso pode significar avançar cautelosamente para garantir que o façamos corretamente. Isso é difícil para o mundo fiat entender, uma vez que nesse mundo as pessoas estão felizes em serem pagas hoje e tanto faz as consequências a longo prazo. No entanto, o desenvolvimento de código aberto tende a ser confuso e essa é a troca que fazemos em prol da descentralização.
O Bitcoin não nasceu do vácuo; temos que considerar o contexto em que a semente foi plantada para navegar pelo que está por vir. O bitcoin sozinho pode alcançar o sonho de um sistema financeiro livre e aberto? O que mais pode ser necessário, sem ele, o bitcoin pode enfrentar ventos contrários substanciais? Acho que El Salvador pode ter algo a dizer sobre isso como o berço do primeiro título de renda fixa de bitcoin emitido por uma nação soberana. O Bitcoin nos convida a repensar tudo sobre finanças e economia, desde a lei de valores mobiliários até a infraestrutura de energia. El Salvador nos mostrou que não podemos esperar para obter permissão antes de inovar. Às vezes, temos que ser disruptivos se queremos ver a mudança. E as coisas estão apenas começando.
No futuro, pode-se dizer que o bitcoin foi um sucesso se ele se tornar tão enraizado na economia global que finalmente é dado como certo. De certa forma, esse dia já está aqui e isso é algo para comemorar. O trabalho à frente está em melhorar a educação e a experiência do usuário e garantir que não retrocedamos na evolução da ação humana.