BITCOIN ATACA DE FRENTE O PRINCIPAL ESQUEMA DE PIRÂMIDE DO MUNDO

Explica Bitcoin
12 min readJan 12, 2022

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Quem está executando o maior esquema de pirâmide do mundo e como nós podemos parar este esquema?

Esta é a tradução do texto “BITCOIN ATTACKS THE ULTIMATE PONZI SCHEME”, do Captain Sidd, publicado originalmente na Bitcoin Magazine no dia 08 de janeiro de 2022.

Tradução por Leta.

Com a palavra, o autor:

O conceito de um esquema de pirâmide é bem simples:

“Um esquema de pirâmide é uma fraude de investimento que paga os investidores existentes com fundos coletados de novos investidores. Os organizadores da pirâmide geralmente prometem investir seu dinheiro e gerar altos retornos com pouco ou nenhum risco. Mas em muitos desses esquemas, os fraudadores não investem o dinheiro. Em vez disso, eles o usam para pagar aqueles que investiram mais cedo e desviam uma parte para si.

“Com pouco ou nenhum lucro legítimo, os esquemas de pirâmide exigem um fluxo constante de dinheiro novo para sobreviver. Quando se torna difícil recrutar novos investidores, ou quando um grande número de investidores existentes sacam dinheiro, esses esquemas tendem a entrar em colapso.”

Se substituirmos investidores por credores, podemos encontrar para um tipo semelhante de pirâmide. Vejamos um exemplo: digamos que a Acme Corp faça um empréstimo de US$ 1 milhão por um ano contra seus US$ 10 milhões em ativos. Eles gastam esse US$ 1 milhão, mas ainda precisam pagar ao banco US$ 1 milhão mais 5% de juros. Assim, a Acme faz outro empréstimo de mais de US$ 2 milhões, paga o primeiro empréstimo e fica com mais US$ 1 milhão para gastar no segundo ano. No terceiro ano, a Acme deve mais US$ 2 milhões com juros, então eles sacam US$ 3 milhões, mais o suficiente para cobrir o pagamento do empréstimo do ano passado, com US$ 1 milhão para gastar no terceiro ano.

Enquanto um credor ainda estiver disposto a emprestar à Acme, isso tecnicamente pode continuar enquanto a taxa de juros da Acme for menor que a taxa de crescimento de seus ativos. A Acme pode até usar dinheiro emprestado para comprar mais ativos, alimentando ainda mais essa máquina.

Como você pode ver no gráfico, a desvantagem é que cada vez que a Acme contrata um novo empréstimo, sua carga total de dívida cresce e se aproxima do valor total de seus ativos. Se a carga da dívida da Acme exceder o valor dos ativos da Acme, os credores da Acme exigirão seu dinheiro de volta e o valor da Acme — toda a sua existência e todos os investimentos nelas — chegará a zero da noite para o dia. Isso pode acontecer por causa do aumento das taxas de juros ou da queda dos valores dos ativos, mesmo que este último seja por pouco tempo durante alguma calamidade.

Para que a máquina de dinheiro infinito da Acme continue operando de forma estável, a taxa de juros dos empréstimos deve ser menor que a taxa de crescimento dos ativos. Se isso continuar, dívidas antigas podem ser pagas com novos empréstimos. O tempo todo, no entanto, a Acme enfrenta o risco de uma desaceleração. Se os valores dos ativos ficarem abaixo do custo da dívida da Acme, os credores ligarão — e é melhor que a Acme tenha uma boa explicação para evitar que os credores saiam e deixem a Acme sem um tostão.

Quanto mais tempo a Acme for capaz de operar a máquina de dinheiro infinito, maior será o valor nominal da Acme e de seus ativos, e mais difícil será a queda deles e de seus investidores quando um rebaixamento repentino acionar uma chamada de margem dos credores. Para um exemplo do mundo real, veja uma das maiores empresas da China, a Evergrande:

Do artigo do Financial Times: “‘Não há como pagarmos tantos credores com nossos recursos limitados’, disse um executivo da Evergrande, que pediu para não ser identificado. ‘Vamos deixar os juízes decidirem quem será pago e quanto.’”

Parece um jogo perigoso de se jogar, mas a Acme é apenas uma empresa. Será que esse tipo de comportamento piramideiro também ocorre em toda uma economia?

A MÁQUINA DE DINHEIRO INFINITA GLOBAL

O exemplo da Acme ilustra como a máquina de dinheiro infinito (uma pirâmide) funciona e nos dá uma maneira de identificá-la de fora: índices dívida/ativo.

Se o mundo fosse uma empresa, o produto interno bruto (PIB) seria semelhante aos “ativos” dessa empresa — a soma de todo o seu capital e atividades produtivas. Graças ao Fundo Monetário Internacional (FMI), podemos verificar o estado da nossa relação dívida global/PIB.

Assim como a Acme, a relação dívida/PIB é alta em todo o mundo — às vezes até acima de 100%! Isso significa que toda a economia global está exposta a um risco sistêmico maciço, e a situação só está piorando.

Por que estamos vendo o risco sistêmico aumentar e o que podemos fazer a respeito?

Para responder a essas perguntas, precisamos começar com as taxas de juros.

OS DEUSES DA TAXA DE JURO

Uma taxa de juros pode ser pensada como o valor do dinheiro no tempo — o valor que um mutuário paga para emprestar dinheiro por um determinado período de tempo. Isso é semelhante a qualquer outro serviço de aluguel, como aluguel de carros; o valor total emprestado é o carro, e a taxa de juros é uma forma de expressar o valor que você paga para alugar o carro. Assim como qualquer outro bem ou serviço, a competição de prestadores de serviços por clientes e transações repetidas podem levar a um “preço de mercado” para um empréstimo, assim como os preços de serviços semelhantes em diferentes locadoras de carros tendem a convergir.

Em nossa economia moderna, no entanto, nós demos as taxas de juros com um status divino, e permitimos que os banqueiros centrais estabeleçam essas taxas em vez de participantes de um mercado livre. Bancos centrais como o Federal Reserve mudam as taxas usando seu monopólio sobre a criação e destruição de dinheiro, que eles usam para comprar e vender ativos dentro do sistema bancário comercial. Essas ações são complicadas, mas sua intenção declarada é influenciar todas as outras taxas de juros da economia a subir ou descer.

Os bancos centrais controlam, assim, uma alavanca chave da máquina de dinheiro infinito: as taxas de juros.

O que eles estão fazendo com esta alavanca? Baixando as taxas de juros de forma constante.

Como lembramos do exemplo da Acme, taxas de juros mais baixas tornam a pirâmide da máquina de dinheiro infinito mais fácil de operar, o que significa que mais empresas e toda a economia global enfrentam riscos sistêmicos. No entanto, uma máquina de dinheiro infinito também exige que os valores dos ativos subam de forma constante mais rapidamente do que as taxas de juros, apenas com desacelerações contidas.

Não é isso que está acontecendo com os ativos?

A ALTA DE TUDO

Os valores dos ativos, no papel, estão subindo rapidamente. Parece fantástico, até você considerar que isso é o resultado da pirâmide da máquina de dinheiro infinito e o que vem no pacote com isso é um risco sistêmico.

Principais índices de ações em dólares

história por trás dos valores dos ativos revela a raiz dessa ascensão meteórica. À medida que os bancos centrais e os governos trabalham juntos para reduzir as taxas de juros e tornar o crédito mais disponível, eles estão incentivando os poupadores a transferir suas economias de ativos de baixo risco — como contas de poupança — para ativos de maior risco — como ações de empresas.

Com o tempo, isso torna o S&P 500 e índices semelhantes em novas cadernetes de poupança. As gerações mais jovens sabem disso e, como resultado, vemos uma participação recorde no mercado de ações por meio de aplicativos como o Robinhood (no Brasil podemos citar a XP, Rico, Modal e Clear, para ficar em alguns poucos exemplos, que popularizaram o mercado acionário nos últimos anos). Estratégias de investimento passivo — como ETFs — também registram popularidade recorde.

Os poupadores que compram ações de uma empresa hoje estão ampliando a divisão entre as taxas de juros e o crescimento do valor dos ativos para essa empresa, tornando mais fácil para eles iniciar e sustentar uma máquina de dinheiro infinita. Se olharmos para toda a economia americana, podemos ver como as taxas de juros e os valores dos ativos estão divergindo, abrindo a oportunidade para indivíduos e empresas tomarem empréstimos infinitamente contra seus ativos.

Assim, as taxas de juros são mantidas baixas e, como resultado, os valores dos ativos são elevados, resolvendo duas das três peças de nossa máquina de dinheiro infinita. No entanto, a volatilidade ainda representa um forte freio na máquina de dinheiro infinito, uma vez que um rebaixamento suficiente pode acabar com todo o estratagema em um instante. Como é que a festa ainda não acabou?

ELIMINANDO AS QUEDAS

Uma queda nos valores dos ativos põe em perigo a festa alimentada pelas dívidas que as máquinas de dinheiro infinitas acumulam. Isso torna as desacelerações um impedimento até mesmo para embarcar em uma pirâmide de máquina de dinheiro infinito. Infelizmente, esse impedimento é agora apenas uma relíquia da história devido à prontidão dos bancos centrais e governos para intervir em crises.

Quando as crises chegam, os bancos centrais e os governos trabalham juntos para usar a dívida do governo e o dinheiro recém-impresso para manter os valores dos ativos elevados. “Garantir a solvência” de um banco, por exemplo, significa evitar que sua dívida exceda o valor de seu ativo — manter sua máquina de dinheiro infinita em operação.

“FED corre para resgatar o Bear Stearns (um banco que quebrou na crise de 2008 e foi adquirido por 10% do seu valor de mercado pelo JP Morgan) em aposta para estabilizar o sistema financeiro.”

Os bancos são frequentemente os primeiros beneficiários dos resgates governamentais. A cada crise, os bancos centrais e os governos estão injetando ainda mais dinheiro em toda a economia.

Assim, as baixas taxas de juros impulsionam o alto crescimento dos preços dos ativos, ampliando o terreno fértil em que as pirâmides da máquina de dinheiro infinita crescam e se desenvolvam. As recessões geralmente reduzem essas pirâmides, mas vemos governos intervindo para salvá-las com ainda mais crédito. Isso, por sua vez, alimenta os preços dos ativos e mantendo o ciclo.

Podemos pedir aos nossos funcionários eleitos que simplesmente parem de baixar as taxas de juros, socorrendo aqueles que se endividaram demais e, em vez disso, deixem as crises seguirem seu curso?

VAMOS SÓ PARAR

Se os bancos centrais e os governos parassem de tornar o crédito cada vez mais fácil por meio de taxas de juros mais baixas e monetização da dívida, poderíamos acabar com esse comportamento de esquema de pirâmide e voltar a uma economia onde vendemos bens e serviços úteis uns aos outros.

Onde está o problema?

Bancos centrais e governos não podem parar de assumir dívidas e imprimir dinheiro, porque nossas próprias moedas são uma parte fundamental de uma enorme pirâmide de máquina de dinheiro infinito.

O dólar americano e todas as outras principais moedas em circulação hoje são moedas fiduciárias, com bancos centrais e governos capazes de trabalhar juntos para criar mais unidades da moeda. Na prática, novas unidades de moeda são criadas por meio de empréstimos de bancos centrais a bancos ou ao governo, e de bancos a pessoas e empresas. As moedas que usamos todos os dias são, na verdade, dívidas de pessoas, empresas e governos.

A fonte dessa pirâmide de máquina de dinheiro infinita é o banco central. Uma corporação ou indivíduo precisa mostrar a um credor que eles são dignos de crédito, mas o banco central é um tipo especial de credor. Este credor não tem nenhum custo para emprestar sua moeda, então eles podem emprestar a qualquer pessoa, a qualquer hora, a qualquer taxa. Os governos utilizam esse credor especial como sua máquina de dinheiro infinito (literalmente falando). E eles até admitem que é uma máquina de dinheiro infinito!

Os bancos centrais e suas impressoras de dinheiro permitem a ilusão de taxas de juros mais baixas e crescimento do PIB. Quando os bancos centrais empurram as taxas de juros para baixo, eles estão injetando nova moeda na economia. Essa moeda circula e empurra os preços de tudo para cima, tudo em diferentes taxas e horários. Como resultado, o PIB flutua para cima.

Não podemos ajustar o PIB para essa inflação? Infelizmente não. Nenhum economista ou supercomputador é capaz de analisar a complexidade dos movimentos de preços nos mercados para dizer que porcentagem de aumento no PIB veio da produtividade real versus simplesmente mais unidades monetárias flutuando, empurrando os preços para cima. Se alguém pudesse, seria a pessoa mais rica do mundo da noite para o dia, negociando perfeitamente nos mercados financeiros.

No entanto, um banco central e sua moeda fiduciária têm o mesmo calcanhar de Aquiles que uma pirâmide:

“Com pouco ou nenhum lucro legítimo, as pirâmides exigem um fluxo constante de dinheiro novo para sobreviver. Quando se torna difícil recrutar novos investidores, ou quando um grande número de investidores existentes sacam dinheiro, esses esquemas tendem a entrar em colapso.”

Se os bancos centrais e os governos pararem de imprimir dinheiro, ou se a demanda por sua dívida ou moeda cair, todo o estratagema entrará em colapso.

Como um governo garante a demanda por sua dívida ou moeda?

DITANDO A DEMANDA PARA MANTER A PIRÂMIDE FUNCIONANDO

Uma corporação ou indivíduo que permite que suas dívidas ultrapassem seus ativos deve declarar falência pacificamente e desfazer toda essa loucura. Um governo cairia da mesma forma quando as pessoas começassem a perceber a insanidade do sistema monetário fiduciário. No entanto, demos aos governos nossa bênção para usar a força e, em muitos casos, desistimos de nossa própria capacidade como cidadãos de resistir a essa força.

Para manter sua moeda baseada numa pirâmide funcionando quando as pessoas tomarem conhecimento disso, os governos devem restringir as liberdades ou usar a violência.

As leis de curso legal e a tributação são uma maneira pela qual os governos restringem as liberdades e empregam a violência para sustentar seu sistema monetário. Ao exigir que os impostos sejam pagos em sua própria moeda, os governos são capazes de sustentar a demanda para que os cidadãos adquiram sua moeda e depois tirem essa moeda de circulação. Os proponentes da teoria monetária moderna são muito diretos sobre isso, acreditando que o objetivo da tributação é controlar a inflação sugando a liquidez do sistema. O backstop para garantir que essas estratégias funcionem? A polícia desse governo irá prendê-lo com prazer se você não obedecer.

Imagine que você decidiu não continuar emprestando para uma empresa porque achou que ela não era solvente, e um funcionário dessa empresa o algemou e o jogou em uma cela. Quem estaria errado?

Os governos também podem empregar força militar no cenário internacional para enfrentar ameaças ao seu esquema de pirâmide. O governo dos EUA é particularmente hábil em usar o poder militar — ou simplesmente uma projeção dele — para defender o sistema do dólar americano de ameaças. Quando outras nações desafiam a demanda por dólares no mercado internacional, digamos para uso nos mercados de petróleo, os mísseis começam a voar. Esta é a verdade por trás do meme abaixo.

“O dólar era protegido por isso (ouro), agora é protegido por isso (portão aviões/poder militar americano)”

À medida que o governo se aprofunda na dívida, precisará tomar medidas mais drásticas para garantir que a pirâmide da moeda fiduciária continue. Isso significará mais inflação, impostos mais altos, controles mais rígidos e uso estratégico do apoio governamental à violência. Eles vão aumentar impostos, confiscar bens, reforçar a vigilância e até “debitar contas do Fed” quando a inflação inevitavelmente acelerar. Durante todo o tempo, a gravidade do eventual colapso aumentará.

Se o governo não nos ajudar a sair de um sistema que está prejudicando a todos nós, o que podemos fazer sozinhos?

ACABANDO COM A PIRÂMIDE POR CONTA PRÓPRIA

Felizmente, nós, coletivamente, como cidadãos da Terra, podemos resolver esse problema. Não por meio de votos ou resoluções da ONU, mas por meio de ações individuais para deixar de participar da máquina que os governos construíram ao nosso redor.

Já somos bombardeados por mensagens de que são os ricos gananciosos e o próprio capitalismo os culpados por nossos males sociais, mas agora sabemos que eles estão apenas seguindo uma cartilha e uma estratégia habilitada e encorajada por uma pirâmide liderada pelo governo.

Ironicamente, essas mensagens levam as pessoas a entregar mais poder aos governos, que são vistos como a única resposta para controlar os excessos do setor privado. O resultado é a exacerbação do problema, não a resolução, pois os sistemas monetários centrados no governo são a raiz desses problemas.

Felizmente, o desfinanciamento da pirâmide moeda fiduciária, que nos livrará de seus riscos sistêmicos catastróficos, já está em andamento. Dia a dia, os indivíduos estão optando por sair de um sistema financeiro quebrado e entrar em um novo, fora do alcance do governo e com oferta fixa: Bitcoin.

A existência e o crescimento da rede Bitcoin representam um desafio para um sistema que deve exercer mais controles e aumentar os riscos sistêmicos para sobreviver. Esse sistema nos faria trabalhar mais por menos apenas para manter a pirâmide fiduciária funcionando. Cada pessoa que opta por manter bitcoin em vez de ativos que os governos podem confiscar ou desvalorizar está fazendo sua parte para desmantelar esse esquema.

Você está fazendo a sua parte?

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Alguém cansado de ler tanta bobagem a respeito de um tema importante. Este espaço será utilizado para traduções e para textos autorais

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