Aprendizados com o Bitcoin

Esta é a adaptação, feita pelo próprio autor, de um fio no Twitter do pleb Igor Oliveira

Com a palavra, o autor:

Vou fazer um resumo sobre aquilo que aprendi até agora sobre Bitcoin (BTC), pois acredito que possa ajudar alguém que esteja iniciando a jornada. São conceitos que eu também tinha dúvidas quando iniciei. Preferi deixar de lado o rigor técnico e privilegiar a didática. Trata-se de uma simplificação da realidade para fins puramente pedagógicos, portanto. Enjoy!

• Quando você manda uma foto do seu celular para outra pessoa, na verdade você está enviando uma cópia daquela foto. Tanto é que você fica com uma cópia no seu celular também, não é verdade? Com o BTC, isso não acontece.
• Através de criptografia, uma pessoa (ou grupo de pessoas, não se sabe), chamada Satoshi Nakamoto, conseguiu criar, em 2009, uma “coisa” virtual, transferível, única, como um objeto físico mesmo, que não guarda cópia de si mesmo. Ele deu o nome de Bitcoin. Segue print da primeira aparição:

• Essa moeda é gerada através de um processo chamado de “mineração”, que nada mais é que um sistema de recompensa, destinado às pessoas que verificam, através de cálculos matemáticos, as transações contábeis da rede, utilizando seus recursos computacionais e de eletricidade.
• Essas transações ficam registradas em um livro público e aberto chamado “blockchain”. Tudo roda de forma descentralizada e transparente, sem uma entidade central controlando, o que é incrível! Uma cooperação global, entre milhares de pessoas, de forma totalmente voluntária!
• A recompensa pela mineração reduz pela metade de 4 em 4 anos num processo chamado “halving”. O último halving foi em 2020. O próximo deve ser em abril/2024. Já foram minerados 19 milhões de BTC. Por princípio, o algoritmo limitou um número máximo de 21 milhões de BTC, justamente para criar o sentimento de escassez. O último halving está programado para 2.140.

Alguns exemplos úteis:

• Blocos sendo minerados: https://www.blockchain.com/btc/blocks
• Transações ocorrendo em tempo real: https://www.blockchain.com/btc/unconfirmed-transactions
• Modelo fictício de blockchain para você brincar: https://andersbrownworth.com/blockchain/blockchain
• Uma das críticas ao sistema é a escalabilidade: a capacidade de efetuar pequenos pagamentos de forma rápida, como um cafezinho da esquina, por exemplo. Isso foi resolvido com a criação da rede Lighting (LN), que é uma espécie de rede que roda de forma paralela à blockchain original.
• A Lightning funciona em uma rede de nós (nodes). Qualquer pessoa pode montar um node. É bem mais simples que a mineração. Veja abaixo o crescimento exponencial da rede, desde 2018:

• A ligação entre os nodes se chama “canal”. Hoje, há 18 mil nodes e 82 mil canais. O mapa abaixo é real.

• Você não precisa ter um node para usar a rede Lightning ou mesmo para ter BTC. Tudo é feito de forma voluntária. Os nodes também são remunerados, assim como ocorre com a mineração, mas a um valor menor, uma vez que usam menos recursos computacionais e de energia. Um node se parece com isso:

• Seus BTC podem ficar armazenados nas corretoras ou em carteiras (Wallets), que podem ser virtuais ou físicas. Exemplos:
• Corretoras: Binance, Mercado Bitcoin, Bipa etc
• Carteiras virtuais: Trust Wallet, Blue (essa roda a rede Lightning) etc
• Carteira física: Trezor etc
• A título de exemplo, comprei R$ 100,00 na corretora BIPA e transferi para minha carteira Blue. Pela blockchain, levaria cerca de 1 hora. Pela rede Lightning foi tipo um PIX. Rapidinho. Entendeu a importância da rede Lightning? Deu um total de 70.148 Satoshis (SATS). O SAT é a menor unidade do BTC. 01 BTC = 0,00000001. Essa divisão em frações menores permite, como consequência, pagamentos de valores menores. Segue print.

• Sua carteira (Wallet) tem uma chave pública e uma chave privada. A chave pública é como se fosse seu endereço de e-mail (fulano@gmail.com) e a chave privada é sua senha para entrar na sua caixa de e-mail. Para receber BTC, é preciso informar a chave pública. A chave privada, como o próprio nome informa, nunca deve ser informada. É ela quem garante a privacidade de sua carteira, assim como a senha do seu e-mail.
• Nunca, jamais, informe sua chave privada! Como o BTC roda em um modelo descentralizado, se você revelar sua chave privada, estará correndo o risco de perder seus BTC para alguém mal intencionado, uma vez que não terá um “banco” para protestar. É o paradoxo da liberdade: quanto maior a liberdade, maior a responsabilidade. Claro, você pode criar múltiplas carteiras, diluindo o risco, e adotar sistemas de backup, mas não é o foco do artigo. Não tenha medo: proteja-se e comece devagar. Você vai curtir!
• O preço do BTC varia, tipo o dólar. Ou seja, o BTC é um ativo volátil. Você pode comprar apenas uma pequena fração do BTC, como mostrei acima. O volume de negociações nas últimas 24 horas foi de R$ 77 bilhões. Todos os BTC negociados hoje (07/06/2022) valem R$ 2.8 trilhões. Veja o gráfico:

• A rede do BTC está 99,98% íntegra desde 2009, quando foi criada. A capacidade de processamento é cerca de 100 vezes a capacidade de processamento dos servidores do Google. Lembrando que não há um servidor central!

• O mais incrível disso tudo são as pessoas cooperando entre si, a partir de regras pré-estabelecidas, de forma totalmente voluntária, transparente e descentralizada. A rede roda através da conexão de vários computadores ao redor do mundo, de forma descentralizada, num modelo de cooperação sem precedentes na história humana! Essa característica de rede global e anônima torna o BTC único, pois não está sujeito a líderes fracos, organizações corruptas ou governos ditatoriais.

Resumo:

• O BTC é uma moeda virtual, escassa (só 21 milhões, lembra?) e funciona em um sistema descentralizado, de cooperação voluntária de milhares de pessoas ao redor do mundo.
• A rede Lightning permite o emprego do BTC em escala, através de pequenos pagamentos de forma rápida.
• Você pode comprar BTC em corretoras e armazená-lo ou em carteiras (físicas ou virtuais) ou na própria corretora. Tenha cuidado com sua chave privada!
• A rede está íntegra, 99,98% desde sua criação.
• O BTC não tem dono, por isso não está sujeito à fraqueza inerente de governos corruptos, líderes ruins e sistemas de governança fracos.

Sites para aprofundar:

• https://bitcoin.org/pt_BR/ (é o “oficial”)
• https://bitcoinheiros.com/
• https://lightning.network/
• https://www.lookintobitcoin.com/ (gráficos)
• https://getumbrel.com/ (sobre a rede LN e nodes)
• https://explicabitcoin.medium.com/

Livro:

• Bitcoin Red Pill, do Renato Amoedo e Alan Schramm.

Perfis do Twitter que gosto:

• @dudalobatoo
• @diegokolling
• @alan_schramm
• @38bitconheiro